sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

The sky is a limit. [capitulo 9.]





Finalmente chegamos. Chegamos e nada estava a ser como planeava, se calhar porque estava dividida entre o sonho e uma espécie de ilusão. Isto fez-me lembrar em mil e uma coisas que lhe poderia ter dito e não disse, fez-me suster a respiração ao imaginar a olha-lo nos olhos e a dizer-lhe que nada mais há de tão maravilhoso que não ele.
Ao Harry devo os momentos pelos quais vagueio vezes sem conta antes de adormecer. Apenas queria que ele me fizesse sorrir até que mais não possa, que me fale de novo de si como se de uma história se tratasse.
O Mundo parece simples demais para o sentimento que nos une como que o Sol ao céu. Tudo é em segredo e é assim que enfrentamos cada minuto que precede o anterior, cheio de memórias e histórias.
Desespero pela sua chamada, como nestas últimas noites. Os minutos passam à medida que a esperança desvanece. Encosto a cabeça na janela, suspirando uma e outra vez sem que nada me dê sinal dele e, enquanto a lua ofusca as lágrimas que não consigo mais chorar, adormeço num mundo que não é meu. 



**


E mais um dia se foi, ainda á três dias estava em Portugal com todas aquelas pessoas maravilhosas á minha volta, nestes últimos dias estivemos instalados num hotel, mas hoje vamos para uma casa que compramos, a casa é muito grande, começo a achar que me vou perder lá dentro. 
No vão das escadas do hotel tento dar por terminadas estas palavras que por tanta ousadia me fazem chorar. Queria poder abraçar o céu e tomá-lo como meu, tal como os meus braços, os meus cabelos. Tenho uma mão cheia de ideais por realizar, por levar comigo em cada viagem, cada sorrir mais puro e cada olhar mais que perfeito, tão perto de mim, mas longe demais para o que a vida me permite alcançar.
Entrei dentro de um comboio sem destino de chegada. Olhei o Sol lá fora; estava já a metade, escondendo-se gradualmente atrás do horizonte e das nuvens gordas e escuras que tomavam posse naquele imenso plano. Adormeci sem pensar em mais nada. Sonhei com um farol, aquele farol que tantas angústias minhas acolheu em tempos, posto entre tantas rochas e falésias à beira-mar.
Acordei com as doces palavras de um senhor alto, de bigode a pedir-me o bilhete da viagem. Lá fora, as estrelas brilhavam agora no auge de uma noite escura. Os vidros embaciados, faziam transparecer o frio indomável do lado de fora daquela carruagem.
"Para onde vai?" - perguntou o senhor.
"Para onde a vida me levar" - respondi insegura. Não sabia se a vida me levaria a algum lugar deste bonito.
Mais umas horas de viagem eram tempo suficiente para pensar e repensar sobre a vida, sobre as feridas que me causara e pelas cicatrizes moribundas que para sempre me acompanhariam no lado esquerdo do peito.
Chegara ao meu destino. Destino incerto, é certo, mas vagueei como se me fosse tão familiar. Precisava daquele abraço do Harry, mas ele não estava. Queria tanto contar-lhe os caminhos que percorrera cheia de ousadia e explicar-lhe o porquê daquela viagem.
Estava finalmente sozinha. Sozinha e só, no entanto sentia-me inserida numa multidão desconhecida, ilustrada pelos imensos pensamentos que me assolavam a cada passo. 
Deitei-me num dos bancos de jardim sobrepostos às ervas daninhas com minúcia. Vi pessoas passar e imaginei, uma a uma, a vida de cada indivíduo que passava embebido numa rotina fúnebre ou simplesmente a vaguear. Alguém se dirigira a mim com um sorriso inatingível e contagiante. Com as suas mãos grandes e confortantes, acariciara-me os cabelos com dedicação, esperando ouvir-me. Sentia-me uma criança ao adormecer, cheia de energia por recuperar.
"Que fazes aqui?"- era o meu pai.
"Vejo a curta-metragem de uma vida tão longa" - respondi a medo.
"Que posso fazer por ti, Inês?"
"Acorda-me quando este momento acabar".

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